[devendra só pra dar o clima!]
em 2008, conversei com uma professora peruana que mora em NY há muito tempo. na época, eu queria ir estudar na NYU e estava pedindo dicas pra ela sobre o assunto.
em 2008, conversei com uma professora peruana que mora em NY há muito tempo. na época, eu queria ir estudar na NYU e estava pedindo dicas pra ela sobre o assunto.
a preocupação maior da moça era se eu aguentaria morar longe da família. e pior: se eu aguentava não pertencer a lugar nenhum. quando ela soube que eu não morava com meus pais já há 3 anos e que eu não morava na minha cidade natal desde 2001, ela não teve mais medo e me explicou uma coisa que agora eu entendo melhor, morando na quarta cidade (brasília-DF, picos-PI, porto alegre-RS, são paulo-SP).
a gente acaba sendo de todos os lugares e não sendo de lugar nenhum.
[excluindo picos, no piauí, em que morei com um ano e saí com dois; logo, me lembro de beeeeeem pouco quase nada. só que a minha mãe matava cobras com havaianas...]
assim, ouvir legião urbana tem um gostinho diferente. e tem sentido o renato russo rezar pra nossa senhora do cerrado proteger quem atravessa o eixão às seis horas da tarde. comer quebra-queixo do tio que passa gritando: "olhaeeeeeeeeeeeeeeeee o quebra-queixoooooooooooooooooooooooo" traz a lembrança de infância, gosto de casa de vó. assim como comer carambola com sal, sentir cheiro de piqui na feira, adorar carne de sol, falar torrone (e não mandolate), chupar din-din. e, claro, ser apaixonada por aquele horizonte, o pôr-do-sol mais bonito do brasil (não é do guaíba), achar a arquitetura a coisa mais normal do mundo e ter as nuvens mais algodãozinho de todas. falar porrrrta, carrrrne faz parrrrte do charrrrme!
daí, temos o outro lado, gurizada. de quem aprendeu a adorar a lancheria do parque, o beco 203, o mister dam, o bells, o bamboos. de quem reclama de bairrismo, mas que quase chorou ouvindo kleiton e kleidir ontem: "que saudade da redenção / do fogaça e do falcão / cobertor de orelha pro frio / e a galera no beira rio*". do fogaça eu não tenho saudades não. mas de passear na redenção, morgar na grama... até da porcaria do jornal do almoço e do tele domingo, só pra falar mal!!!! de quem canta amigo punk, miss lexotan, sob um céu de blues... ou seja, quem aprendeu a se misturar na multidão, apesar de sempre dizer: "não, eu não sou gaúcha!"
e, no fim, eu, brasiliense até no r, to aqui... além de sentir falta de brasília, to com saudades de porto alegre! não chorei ao partir, mas um dia eu voltarei. pra rever o guaíba e comer meio xis-português com fritas no cavanhas e uma polar!
* tá, Inter! mas também não precisava sentir minha falta e perder ontem pro grêmio, timeco, no beira rio, né???
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