quinta-feira, 6 de abril de 2006

any more than this

the way we act out
every way to smile
forget
and make-believe we never needed
any more than this
any more than this

(um vício musical...)
Eu não tinha certeza da minha mudança de atitude até pegar anotações passadas. Neles, minha letra quase não aparecia, como se eu não quisesse mostrar minha opinião, mostrar o erro, a certeza, a pergunta, a anomalia. Enfim, mostrar quem eu era (ou sou, nunca vou ter a confirmação). Hoje em dia, escrevo firme.

O lápis aparece e tranpassa o papel... quase rasga. Se eu sei quem eu sou, não afirmo. Mas que tenho orgulho de mostrar, isso lá vai!

terça-feira, 4 de abril de 2006

"Os olhos ela puxou à mãe", minha família me dizia. "Essa cor mel, meio verde quando fica brava ou apaixonada, é bem a mãe dela". "Não esqueçam do cabelo também. Essa escuridão. Antes da mãe dela pintar de vermelho era assim: escuro como breu!", a tia-avó mais velha insistia. "E o narizinho arrebitado!!! Na tua idade, tua mãe foi Miss! Miss! Botava qualquer uma no chinelo, só com aqueles olhos mel, aquele cabelo escuro e ondulado e o narizinho. Todos como os teus". "Olhos cor de lodo", eu corrigia mentalmente. "Mas não vamos esquecer da boca do pai. Essa lindeza de sorriso. Se não fosse por ele, ela não tinha essa boca, meu Deus!" E eu sorria amarelo, com a vontade de não-sorrir. "Mas as covinhas são da mãe. União perfeita!" Meu avô olhava de longe. Não se metia na descrição da neta. Não se metia na indiscrição das irmãs. "A cor da pele! Esse moreno que ninguém sabe de que parte da família veio. Só ela e a mãe têm. O irmão nem tanto e a outra é mais branquinha".

Meu avô levantou do canto onde estava, passou a mão nos meus cabelos e sussurou no meu ouvido: "Só não casa, morena. Não casa que homem só dá problema!"