prefácio
todos sabem da existência de gnomos que roubam isqueiros. sempre que vamos acender um cigarro, o isqueiro simplesmente não está onde juramos que deixamos. pois bem...
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lá estava eu no carro, voltando da faculdade. cigarro e isqueiro no colo, conversando normalmente com a mana. decide-se, então, parar num posto para reabastecermos o tabaco-nosso-de-cada-dia e comprar biritinhas para mais tarde.
coloco o cigarro no painel e esqueço do querido do isqueiro. ele cai entre as grades que constituem o grande ralo do posto.
imediatamente me frustei. afinal, isqueiros são perdidos naturalmente, sem dramas, sem vermos, sem tristeza. eles vão para o mundo dos gnomos, em que fazem sei-lá-o-quê. mas parecem felizes no lugar e com a função, porque não voltam.
porém, meu isqueirinho preto foi-se traumaticamente. mais do que óbvio, tentei enfiar a minha mão tamanho mini por entre as grades. ela entrava, mas não forcei com medo de não sair. então, seria eu e o isqueiro a estarmos perdidos para sempre no ralo.
me resignei e fui comprar o cigarro.
fiquei manhosa por algum tempo. pensando no isqueiro. frentistas foram mobilizados em vão. ele ficou abandonado no escuro.
dois dias depois, penso que foi melhor assim. arranjei outro isqueiro. continuei a minha vida. toda vez que passar pelo posto vou lembrar como perdi o belo isqueiro preto. mas não tem chororô. já foi...
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posfácio
encarem como uma metáfora também...