ontem, fui obrigada a ir no centro de Porto Alegre. não conheço ninguém que goste de ir ao centro de Porto Alegre. um mundaréu de gente que deixa sua pouca boa educação em casa e anda pelas ruas como se não houvesse amanhã. como se todos eles fossem o carinha do eu sou a lenda e, como não tem mais ninguém na cidade, podem fazer o que bem-bem entender.
mas eu tinha que pagar uma conta e comprar tecidos para as bolsas que estou fazendo. enfim, fui. antes de sair de casa perguntei para o espouso: alguma coisa do centro? ele me pediu um fumo trevo.
para os desavisados (se é que alguém que lê esse blog não sabe quem sou eu e quem é meu digníssimo), divido minha casa e meu amor com um fumante. o que eu posso dizer? infelizmente, acho charmoso o milton fumando. além disso, reza a lenda que ele já acabou com uma namorada enquanto tentava parar de fumar. tenho medo! sendo filha também de uma ex-futura-fumante, o cheiro do cigarro não me incomoda. incomoda a minha rinite, mas é problema dela. o fato é que desde o começo desse ano, o milton decidiu parar de fumar cigarros industrializados e fecha cigarros com o fumo trevo. ele fuma menos (porque tem mais trabalho para fazer os cigarros), o cheiro é menos forte e, acreditamos nós, deve ser um pouquinho menos pior (porque o fumo não recebe tantos tratamentos químicos quanto o cigarro industrializados). minha missão era comprar um fumo, pagar as contas, comprar tecidos e voltar pra casa.
me fui. paguei a conta rapidamente. demorei bastante para comprar os tecidos. e, lá pelas tantas, achei uma tabacaria.
entrei e perguntei: o senhor tem fumo trevo?
o carinha, em seus vinte e poucos anos, olha minha cara profundamente e diz: tenho sim. pra quê?
como assim "pra quê?" amigo? interessa?
olhei para o carinha e disse: pra comprar.
carinha: tem certeza? não quer outra coisa, um cigarro?
eu, indignada: eu quero comprar um fumo trevo. posso? não quero outra coisa, tu tem que me dar o que eu quero.
carinha, com meio sorriso: mas tu sabe o que é o fumo trevo? não é pra ti, né?
eu, subindo nas tamancas: é pra mim sim. que história é essa de tem certeza? eu quero o fumo, vou comprar o fumo. quanto é que é?
carinha abismado: um e oitenta.
eu: tó.
enquanto eu guardava a carteira na bolsa e o fumo na sacola de tecidos, o carinha me olhava com desolação, como se eu estivesse guardando meu pulmão escurecido. saí da loja muito indignada.
quando fui comprar tecido, ninguém ficou me perguntando se eu tinha certeza. quando fui comprar fecho, ninguém perguntou se era pra mim mesmo. qualé? não posso fumar trevo? por que sou menina?
agora andar no centro enquanto os caras falam do meu corpo eu posso? e sem reclamar!
mas eu tinha que pagar uma conta e comprar tecidos para as bolsas que estou fazendo. enfim, fui. antes de sair de casa perguntei para o espouso: alguma coisa do centro? ele me pediu um fumo trevo.
para os desavisados (se é que alguém que lê esse blog não sabe quem sou eu e quem é meu digníssimo), divido minha casa e meu amor com um fumante. o que eu posso dizer? infelizmente, acho charmoso o milton fumando. além disso, reza a lenda que ele já acabou com uma namorada enquanto tentava parar de fumar. tenho medo! sendo filha também de uma ex-futura-fumante, o cheiro do cigarro não me incomoda. incomoda a minha rinite, mas é problema dela. o fato é que desde o começo desse ano, o milton decidiu parar de fumar cigarros industrializados e fecha cigarros com o fumo trevo. ele fuma menos (porque tem mais trabalho para fazer os cigarros), o cheiro é menos forte e, acreditamos nós, deve ser um pouquinho menos pior (porque o fumo não recebe tantos tratamentos químicos quanto o cigarro industrializados). minha missão era comprar um fumo, pagar as contas, comprar tecidos e voltar pra casa.
me fui. paguei a conta rapidamente. demorei bastante para comprar os tecidos. e, lá pelas tantas, achei uma tabacaria.
entrei e perguntei: o senhor tem fumo trevo?
o carinha, em seus vinte e poucos anos, olha minha cara profundamente e diz: tenho sim. pra quê?
como assim "pra quê?" amigo? interessa?
olhei para o carinha e disse: pra comprar.
carinha: tem certeza? não quer outra coisa, um cigarro?
eu, indignada: eu quero comprar um fumo trevo. posso? não quero outra coisa, tu tem que me dar o que eu quero.
carinha, com meio sorriso: mas tu sabe o que é o fumo trevo? não é pra ti, né?
eu, subindo nas tamancas: é pra mim sim. que história é essa de tem certeza? eu quero o fumo, vou comprar o fumo. quanto é que é?
carinha abismado: um e oitenta.
eu: tó.
enquanto eu guardava a carteira na bolsa e o fumo na sacola de tecidos, o carinha me olhava com desolação, como se eu estivesse guardando meu pulmão escurecido. saí da loja muito indignada.
quando fui comprar tecido, ninguém ficou me perguntando se eu tinha certeza. quando fui comprar fecho, ninguém perguntou se era pra mim mesmo. qualé? não posso fumar trevo? por que sou menina?
agora andar no centro enquanto os caras falam do meu corpo eu posso? e sem reclamar!
2 comentários:
Nada a ver com o assunto principal do teu post, mas a falta de filtro não torna as coisas piores no caso do cigarro "não-industrializado"?
Olá, estou fazendo um trabalho para faculdade sobre jovens que trocaram o cigarro pelo trevo.
Poderia me ajudar?
meu e-mail: priscila.moraes85@gmail.com
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